Sobre fundo branco, dispostas na vertical no canto inferior esquerdo “LINHA DA CULTURA” em letras garrafais na cor preta exceto a palavra “DA” em cinza. Ao lado, uma grande seta apontada para baixo, parte do logotipo do Metrô, preenchida por fotografia manipulada digitalmente retratando crianças com trajes do Congado. À direita da imagem “CONGADAS DE MINAS GERAIS”. Abaixo, “Artistas: João Rafael, Márcia Valadares, Marina Alves, Mauro Kersul, Monica Mendes, Valdecir Gerotto, Yara Tupinambá, Willian Júnio; Curadoria: Fátima Aquino; Realização: Linha da Cultura”.

 

No ano de 2020 não houve as festas centenárias de uma das mais importantes manifestações da Cultura de Minas Gerais: O Congado. As cantorias, o batuque dos tambores, a levantada de mastro, o colorido das vestimentas, os desfiles dos grupos ou ternos congadeiros pelas ruas de cada região, de cada cidade não aconteceram devido à pandemia. A Exposição Congadas de Minas Gerais não pretende substituir toda a alegria e o brilho das Festas maravilhosamente orquestradas, mas o de homenagear todos os congadeiros de Minas. Para tanto, reuniu-se um grupo de artistas plásticos de cada região das Minas Gerais que, através do seu olhar trouxesse a beleza da cultura do Congado, a singularidade de cada lugar manifestada nas suas obras. Cada obra da Exposição expõe e imprime a identidade da cultura congadeira em Minas Gerais.
Importantes nomes do cenário das artes plásticas como a Yara Tupinambá e do Historiador Jeremias Brasileiro compõem o elenco da Exposição Congadas de Minas Gerais, aliás, o título da Exposição é uma referência ao seu livro, em consenso com a Curadoria.

 

 

A tradição afro-brasileira do Congado e da Congada.

Adotam-se para esta reflexão as terminologias Congado e Congada. A primeira diz respeito à manifestação cultural e religiosa em si, que representa a celebração do reinado africano no Brasil, e que se manifesta de formas variadas conforme a região. A segunda corresponde ao ritual de celebração da herança ancestral, a festa, que ocorre mediante a manifestação dos elementos dos ritos ancestrais africanos e ao mesmo tempo dos ritos do catolicismo popular. O Congado é um culto aos ancestrais de hierarquia superior, realizado por nações diversas, possuidoras de antepassados comuns e que através de danças, de percussões africanizadas, de cantorias antes relativas somente ao Rei do Congo e depois cristianizado, por influências jesuíticas, mimetizou-se e paralelizou-se dentro da fé popular brasileira. (BRASILEIRO, 2001, p. 12). Esse processo é denominado por Brasileiro (2018a) de coexistência cultural e religiosa, em oposição ao conceito de sincretismo, que hierarquiza as representações africanas e afro-brasileiras resumindo-se aos elementos católicos: “O Congado é uma manifestação pública de fé inserida no catolicismo popular, que mantém suas dinâmicas próprias de coexistência cultural e religiosa” (BRASILEIRO, 2018a, p. 1).

Jeremias Brasileiro
Doutor em História Social/Universidade Federal de Uberlândia.
Pesquisador e Organizador do Projeto Universidade Federal de Viçosa - Campus Rio Paranaíba -15 anos de História.
2020-2021.
 

Biografia dos artistas

João Rafael
João Rafael tem 38 anos. Nasceu e foi criado em Montes Claros. É formado em Direito, em Letras e é académico de Artes Visuais. É na arte que seu envolvimento se transforma em lapidação interminável e laboriosa.Trabalha com pintura figurativa à óleo, buscando sempre autenticidade. Participou de algumas exposições e faz parte da Associação dos Artistas Visuais de Montes Claros.

 

Márcia Valadares
Natural de Montes Claros. Frequentou cursos de desenho de observação, aquarela livre, aquarela botânica, pintura e História da Arte, ministrados na Escola Guignard /UEMG e na Maison Escola de Arte. Participante em workshops de aquarelistas brasileiros. Foi aluna de professores-artistas: Sergio, Vaz, Louise Ganz, Maria José Fonseca, Marina Nazareth, Clåudia Lambert, Marcia, Franco, Yara Tupynambå, Sandra Bianchi, Fátima Mirandda, Luis Jahnel e outros. Tem participação em várias coletivas com aquarelas e pinturas acrílicas.

 

Marina Alves
Natural de Belo Horizonte. Autodidata, trabalha há quinze anos com pintura realista de retratos (na técnica de tinta acrílica sobre tela).Tem participações em coletivas, sendo a última na mostra "Cores da Vida: Diálogos com Matisse", em Belo Horizonte, com curadoria de Fátima Mirandda.

 

Mauro Kersul
Natural de Säo Joäo del Rei - MG. Pintor e escultor, passou a se dedicar å arte profissionalmente desde 2015. Artista premiado na Europa, Estados Unidos e Brasil. Tem em seu currículo mais de 70 exposições internacionais. Em 2018 e em 2019 foi eleito, por unanimidade, o melhor Artista no Festival Internacional de Artes de Liechtenstein, o que o tornou hors-concours no Festival de 2020. Em julho, foi um dos 7 artistas escolhidos para integrar a Gallery of Fragrance com lançamento de uma Iinha de perfumes. Tem obras em coleções particulares, museus e galerias no Brasil e no exterior.

 

Mônica Mendes
Natural de Belo Horizonte. Vive e trabalha Miami (EUA).Na bagagem, Mônica Mendes traz formações distintas como Relações Públicas e Educação Física, além do mestrado em Belas Artes na Academy Of Art University, na Califórnia. Em seu currículo, constam premiações, mostras individuais e participações em coletivas, feiras e salões internacionais.

 

Valdecir Gerotto
Iniciou sua vida profissional na informalidade aos 8 anos e aos 14 já com carteira profissional seu primeiro trabalho foi aprendiz de serralheiro, vidraceiro, bancário, gerente de transportadora, encarregado de depósito, vendedor, gerente de vendas, empresário. Seu primeiro trabalho artístico foi cursando a faculdade de Design em 2009 quando apresentou amostra de 80 peças. O objetivo deste trabalho “metamorfose óptica digital” é o de provocar nas pessoas a transformação, uma nova forma de enxergar a própria vida. Essa é a função da arte: incomodar, investigar e discutir a vida. As imagens apresentadas em cada peça destilam informações através de símbolos que representam a matéria. Possui uma integridade fotográfica em que o estilo não sufoca o conteúdo. A textura que as imagens apresentam transporta o sentimento para o sensor a partir de nossa coexistência virtual permitindo a liberdade das emoções.

 

Willian Júnio
Oliveira - MG. Willian Júnio iniciou seu processo de estudos aos 22 anos, em 2010. Autodidata, experimenta diversos estilos e técnicas. Destaca-se na pintura em suporte reciclado, como latas enferrujadas.
Entre seus temas prediletos está o Congado.

 

Yara Tupinambá
Suas habilidades e saberes deram origem a vários prémios e condecorações, entre eles o de Artista do Ano, concedido pela ABCA (2011). Sua trajetória artística, inspirada na história e na cultura mineiras, perpassa a pintura, gravura, desenho e muralismo, além do ensino de arte. Aluna de grandes mestres— Guignard e Goeldi — foi bolsista no Pratt Institute, em Nova York. Realizou diversas individuais e participou de vários salões de arte, bienais e coletivas no Brasil e no exterior.

 

Jeremias Brasileiro
Natural de Rio Paranaíba (MG), radicado em Uberlândia desde 1974.  Mestre em História, pesquisador da Cultura Afro-Brasileira e de temas afins, especialmente o Congado. É Comandante Geral da Festa do Congado de Uberlândia e Comandante do Reinado do Rosário de Rio Paranaíba, na região do Alto Paranaíba. Possui 24 livros publicados.

 

Fátima Aquino
Natural de Montes Claros, vive e trabalha em Belo Horizonte. Pós-graduada em Letras, Literatura e Língua Francesa. Estudos artísticos realizados na Escola Guignard e na Fundação Clóvis Salgado, além de cursos nas áreas de gestão pública e de ocupação de espaços públicos. Mais de sessenta exposições, entre coletivas e individuais, permeiam a sua trajetória, nos últimos Vinte anos. Em Belo Horizonte, faz a curadoria de exposições no Parque Ecológico da Pampulha e em Centros Culturais da Fundação Municipal de Cultura, visando a divulgação de artistas mineiros.
Instagram: @fatimaquinoartes
Facebook: @fatimaquino