No dia em que estou escrevendo esse texto, volto para Guarulhos, São Paulo, a fim de visitar minha família. De longe, do meu querido Sergipe, observamos o quanto a pandemia da COVID 19 afetou nossas vidas, nossos afetos. Felizmente, por sorte, o ato de desenhar e criar não foi cerceado pela nova ordem mundial, e foi nesse contexto que minhas memórias visitaram as pessoas queridas de uma forma quase inconsciente. Cada lugar e pedaço onde eu estive, não estive ou quis estar.
A ilustração sempre esteve pairando sobre mim, no meu lar pelos quadrinhos de moleque ou os livros ilustrados de Ruth Rocha, escritora de livros infantis, que meu pai me trazia quando chegava do trabalho cansado, e ainda lia para mim. Pelo traço de minha mãe no papel ou tela, pelo trajeto urbano desgastante entre Guarulhos e o bairro do Brás, no ensino médio. Cada fragmento de ícone, signo e imagem reverbera quando eu me sento em minha cadeira, abro o programa no computador e me preparo para ilustrar. A cada processo técnico, uma lembrança, uma adição de elemento, luz, cor, sentimento.
Que você que está lendo possa visitar algo aí dentro, por meio das obras, que reluzisse em nós dois. Esse é o sentido do que faço, levar, trazer, voltar, apresentar a cultura que aprendo todos os dias longe de casa a quem me construiu como pessoa, como artista.
Caue Mathias
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