ESTADO DA ÁGUA

Sobre fundo branco, dispostas na vertical no canto inferior esquerdo “LINHA DA CULTURA” em letras garrafais na cor preta exceto a palavra “DA” em cinza. Ao lado, uma grande seta apontada para baixo, parte do logotipo do Metrô, preenchida por fotografia de criança se molhando em torneira. À direita da imagem “ESTADO DA ÁGUA”. Abaixo, “Curadoria: João Kúlcsar; Realização: Linha da Cultura e Festival de Fotografia de Paranapiacaba 2021; Estação Luz a partir de 18/05”.

MANAUS AM 29 09 20100 MEIO AMBIENTE SECA. VISTA DE MANAUS A PARTIR DO PORTO DO CACAU PIRERA. FLUTUANTES N O QUE RESTOU DO IGARAPE NA ESTIAGEM NO RIO NEGRO. FOTO ALBERTO CESAR ARAUJO
Manaus Amazonas 25 10 2010 RECORDE VAZANTE- SECA AMAZONAS. Barco no meio do leito rio seco em frente a cidade de Manaus, o rio Negro sofreu a maior vazante da história. A série "Uma certa Amazônia" realizada durante a primeira década do século 21, quando os eventos extremos de cheia e vazante na Amazônia revelaram que algo de muito errado está acontecendo com o clima do planeta. Mudanças cada vez mais drásticas no regime das águas da bacia dos rios Negro e Solimões provocaram impactos como a fome, sede, doenças e mortandade de animais. O cotidiano das populações tradicionais e a paisagem amazônica mudaram definitivamente. Uma situação de extremos, onde as vazantes estão, a cada ano, se transformando em catástrofes e as cheias mostrando-se cada vez mais trágicas. Este cenário que a cada vez mais perde áreas de florestas para o agronégocio, principalmente as plantações de soja e milho, assim como a criação de gado, além da pressão sofrida pela industria madereira em áreas de preservação permanente e também em terras indígenas, além da exploração mineral e a ameaça pelas grandes obras de infra-estrutura do governo brasileiro fazem da Amazônia um dos ecossistemas mais frágeis perante a ação do homem.
Boca do Acre, AM 14/03/2015 - O Municipio de Boca do Acre no sul do Amazonas decretou estado de calamidade pública. Foram aproximadamente 20 mil pessoas atingidas e mais de 5 mil familias. O rio Purus ficou 12 metros acima do seu nível normal, e a cota dágua chegou a 20 metro e 30 centimetros. 8 bairros foram alagados entre eles o Praia do Gado, Antonio Jorge e Bairro Novo. Mesmo com as dificuldades, a vida cotidiana segue, demostrando a incrível capacidade de adaptação do amazonense ao ciclo das águas. A Defesa Civil do Amazonas começou ajuda humanitária. Períodos de secas e cheias (enchentes) extremas estão sendo mais frequentes na Amazônia e a população tem enfrentando situação de vulnerabilidade social e econômica a cada ciclo natural. (Foto Alberto César Araujo/Amazônia Real)
Boca do Acre, AM 14/03/2015 - O Municipio de Boca do Acre no sul do Amazonas decretou estado de calamidade pública. Foram aproximadamente 20 mil pessoas atingidas e mais de 5 mil familias. O rio Purus ficou 12 metros acima do seu nível normal, e a cota dágua chegou a 20 metro e 30 centimetros. 8 bairros foram alagados entre eles o Praia do Gado, Antonio Jorge e Bairro Novo. Mesmo com as dificuldades, a vida cotidiana segue, demostrando a incrível capacidade de adaptação do amazonense ao ciclo das águas. A Defesa Civil do Amazonas começou ajuda humanitária. Períodos de secas e cheias (enchentes) extremas estão sendo mais frequentes na Amazônia e a população tem enfrentando situação de vulnerabilidade social e econômica a cada ciclo natural. (Foto Alberto César Araujo/Amazônia Real)
Manaus, AM 16/05/2015 - às vésperas do Dia Mundial de Reciclagem, o catadodor de latas Paulo Soares, em sua canoa retira o lixo do igarapé na Avenida Brasil, zona oeste. (Foto Alberto Cesar Araujo)
Manaus 04/04/2013 - A degradação das águas dos principais afluentes do rio Negro em Manaus, chamadas igarapés, que fazem parte da maior bacia hidrográfica do mundo, a Amazônica. O lixo despejado nos igarapés Mindu, São Jorge e Mestre Chico.(Alberto Cesar Araujo/Amazônia Real)
Manaus, a capital econômica da Amazônia brasileira com 2 milhões de habitantes ocupa o quinto lugar entre os piores municípios em coleta de esgoto, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo Instituto Trata Brasil. O ranking do saneamento básico das 100 maiores cidades do País revela que 50,3% da população têm acesso à coleta dos esgotos, mas somente 42% dos esgotos são tratados. Nas diferentes zonas da capital amazonense, moradores usam do improviso para driblar a situação. Mau cheiro, muito entulho, lixo, lama e um córrego de água suja com dejetos é o que são expostos os moradores da cidade que é entrecortada por centenas de cursos d’água conhecidos localmente como igarapés – que em menos de 50 anos tornaram-se esgoto a céu aberto que desaguam em um grande rio. No caso de Manaus, o rio Negro, o segundo maior do mundo em volume de água, atrás apenas do rio Amazonas. Uma contradição para uma cidade que tem sua cultura ribeirinha mantida forte pela imigração do interior do estado e deoutros da região. De janeiro à março desde ano a Prefeitura retirou dos igrapés cerca de 1500 toneladas de lixo. Mesmo assim ações isoladas de catadores também são vistas para amenizar esta situação na tentativa de limpar os igaraés na falta de uma política pública evoltada para educação ambiental. (Foto Alberto César Araújo/Amazônia Real)
Manaus 07/05/2015 - Crianças em casa de palafita em meio ao lixo no igarapé do40, zona sul de Manaus (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

ESTADO DA ÁGUA
Esta exposição faz parte do Festival de Fotografia de Paranapiacaba 2021 cujo tema é Água. O Festival é pautado nas questões da educação, direitos humanos e meio ambiente, usando a fotografia como ferramenta de alfabetização visual. O assunto deste ano indica a sua importância para o planeta, para a sociedade e o uso que estamos fazendo deste bem que, entendemos é fundamental para o meio ambiente e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
A água desempenha um papel importante na arte e cultura, e no campo da fotografia ela é a base da imagem latente num tanque escuro e tema das primeiras imagens da história fotográfica.

A exposição Estado da Água, pode ser pensada nas vertentes do campo estético e da sustentabilidade por meio de narrativas visuais que discutem algumas das relações que temos com ela no dia a dia. Alberto César Araújo (@olhajalbertocesar), registra imagens da poluição e seca na região amazônica e principalmente de Manaus; Isis Medeiros (@isis.medeiros) mostra o crime ambiental em Brumadinho e suas consequências para o povo Pataxó; Marina Klink fez diversas expedições à Antártica; Leo Britto do DiCampana Coletivo (@dicampanafotocoletivo) documentou a região dos mananciais em S. Paulo e Edgar Xacriabá (@edgarkanayko) a relação do Rio com sua aldeia.
Esperamos que a exposição nos inspire para uma maior reflexão e uso consciente deste recurso finito.

João Kulcsár
Curador