A Linha da Cultura apresenta um recorte do projeto “Pessoas”, o podcast do Museu da Pessoa, são curtos relatos de quem mudou suas vidas e, de uma certa forma, a de outras pessoas.
Cada episódio faz parte do acervo do Museu da Pessoa, um museu virtual e colaborativo de histórias de vida.

 

Emanoel Araujo
Emanoel Alves de Araújo nasceu no dia 15 de novembro de 1940 em Santo Amaro da Purificação, Bahia. De uma família de ourives, ajudou a mãe a cuidar de seus 11 irmãos. Com 19 anos se mudou para Salvador, onde ingressou na escola de Belas Artes da Bahia. Trabalhou como cartazista, foi ilustrador e gravurista. Fez sua primeira exposição em 1959. Mudou-se para São Paulo em 1971. Foi diretor do Museu de Arte da Bahia, da Pinacoteca do Estado de São Paulo e fundou, em 2004, o Museu Afro Brasil, do qual é Diretor Curador.

 

 

Hélio Menezes
Hélio Santos Menezes Neto nasceu em Salvador, no dia 30 de setembro de 1986. Sua família, numerosa e festeira, acreditava na educação como estratégia de autonomização e ascensão social. Formou-se em Relações Internacionais e, aos 22 anos, era coordenador internacional do Fórum Social Mundial. Foi nessa época que, em uma viagem a Dakar, no Senegal, viu uma imagem de Xangô, a mesma que havia no quintal da casa de sua avó em Salvador. Daí veio a vontade de mudar de área, aprofundar seus estudos na produção artística negra e em Antropologia. Hoje atua como curador, crítico e pesquisador. É curador de arte contemporânea do Centro Cultural São Paulo.

 

 

Tião Carvalho
Tião Carvalho, nome artístico de José Antonio Pires de Carvalho, nasceu Cururupu, Maranhão, no dia 23 de janeiro de 1955. Na infância, trabalhava na roça e gostava de acompanhar seu pai, o cantador e compositor Feliciano Pepê, em festividades populares como o bumba-meu-boi, e o tambor de crioula. Quando adolescente, trabalhava e estudava à noite e, mesmo sem ter pretensão de seguir carreira artística, acabou se envolvendo com grupos teatrais e de dança. Primeiro no Maranhão, depois no Rio de Janeiro. Em 1979, mudou-se para São Paulo e, em 1986, fundou o Grupo Cupuaçu Centro de Estudos de Danças Populares Brasileiras, passando a promover festas comunitárias anuais do bumba-meu-boi no Morro do Querosene, localizado no bairro do Butantã, na Zona Oeste da cidade. Tião é cantor, compositor, ator, dançarino, produtor cultural e mestre de capoeira Angola.

 

 

Bel Santos Mayer
Bel Santos Mayer, nasceu no dia 26 de julho de 1967. Foi a primeira pessoa de sua família a fazer um curso superior: Matemática. Antes da faculdade, Bel fez magistério com o objetivo de alfabetizar. Na época, ela morava com os pais em Sapopemba, periferia leste de São Paulo, e teve a experiência de alfabetizar moradores das favelas do Madalena e do Jardim Elba. Este trabalho lhe rendeu uma bolsa de estudos na Itália e uma especialização em Pedagogia Social. Como educadora social, se envolveu com projetos de equidade racial e de gênero na educação, capacitação em direitos humanos, formação de jovens, entre outros. Passou a trabalhar também com a criação de bibliotecas comunitárias em bairros periféricos, utilizando a literatura como uma ferramenta de combate às desigualdades sociais. Atualmente, é Coordenadora do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário, co-gestora da LiteraSampa, docente do Instituto Vera Cruz e mestranda na EACH/USP.

 

 

Dona Edite
Edite Marques da Silva nasceu em 16 de setembro de 1942, em Pirapora, Minas Gerais. Filha de um carpinteiro e uma dona de casa, teve uma infância feliz, até que tudo mudou com a morte de seu pai. Mudou-se para São Paulo, estudando e trabalhando em uma empresa de peças de rádio e tv para ajudar a sustentar a família. Ao longo dos anos, a perda gradativa da visão em decorrência da diabetes obrigou-a se aposentar. Dona Edite passou então a ver a vida de outra forma e se encontrou na poesia. Atualmente, é intérprete de poesia e frequentadora assídua do Sarau da Cooperifa, na zona sul de São Paulo.

 

 

Geni Guimarães
Geni Guimarães nasceu em 8 de setembro de 1947, em São Manuel, interior de São Paulo. Foi a única entre seus irmãos que pôde estudar ao invés de trabalhar na lavoura. Começou a fazer versos antes mesmo de aprender a escrever, acompanhando sua mãe em cantorias ao redor de fogueiras. Mais velha, cursou o magistério e continuou a escrever poemas e contos. Conseguiu publicar seu primeiro livro, Terceiro filho, em 1979, tendo vendido um fusca para pagar os custos. Suas obras, todas independentes, influenciaram gerações inteiras de escritoras negras e lhe renderam um prêmio Jabuti. Por conta de uma depressão profunda, Geni ficou 15 anos sem escrever. Atualmente, aos 73 anos, a poeta, escritora e ativista continua trabalhando em novos livros, tendo sido a autora homenageada da Balada Literária de 2020.

 

 

Neon Cunha

Neon dos Afonso Cunha nasceu em 24 de janeiro de 1970, em Belo Horizonte. Sua família mudou-se para São Bernardo do Campo, ABC de São Paulo, quando tinha cerca de 2 anos. Terceira de dez filhos, desde cedo foi vítima de surras do pai, metalúrgico, e dos irmãos por parecer afeminada. Começou a trabalhar aos 11 anos, para ajudar na renda familiar, como mensageira na prefeitura de São Bernardo. Na mesma época conheceu a realidade das travestis no centro de São Paulo. Após anos sofrendo ameaças, espancamentos e estupros, Neon decidiu que precisava resolver duas coisas: o "direito à morte digna e o direito a ter nome e gênero”. Hoje é ativista, questionadora da branquitude e cisgeneridade tóxicas.

 

 

Rosane Borges
Rosane da Silva Borges nasceu em São Luís do Maranhão no dia 22 de junho de 1974. O gosto pela leitura e pelos estudos veio desde cedo. Quando criança, aproveitava as férias para ler muito. Foi a primeira de seus 5 irmãos a ingressar em uma universidade e acabou por seguir a carreira acadêmica. Hoje é doutora em Ciências da Comunicação, autora e articulista. Se especializou em pesquisas sobre o imaginário e a representação da mulher negra.

 

 

Sueli Carneiro
Aparecida Sueli Carneiro nasceu em 24 de junho de 1950, em São Paulo. A mais velha de sete irmãos, é filha de um ferroviário e de uma dona de casa, costureira de mão cheia, que dizia às filhas que elas não deviam depender de homem algum. Sueli seguiu o exemplo e, em 1971 prestou concurso público e entrou na Secretaria da Fazenda como escriturária. Um ano depois, ingressou no curso de Filosofia da USP. A partir de então entrou em contato com movimentos sociais, o movimento negro e o movimento feminista. Na década de 1970, casou-se e teve uma filha desse casamento, Luanda. Sua jornada como feminista negra se intensificou na década de 1980, com participação no Coletivo de mulheres negras e no Conselho Estadual da Condição Feminina. Em 1988, junto com mais dez companheiras, criou o Geledés, Instituto da Mulher Negra, da qual ainda é diretora. Sueli é escritora e filósofa, sendo considerada uma das principais autoras do feminismo negro no Brasil.

OH0UlD7P45E