Atlântico, o oceano, surgiu com a separação e deriva continental da África e América do Sul. A travessia, trinta e sete dias, metáfora que aproxima esses territórios, um horizonte ineludível que delimita os mundos: água e ar, mar e céu. Navegar é preciso, até um dia chegar.
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Na superfície, histórias do Atlântico, passado, presente e futuro. Nas moradas profundas, seres abissais, silêncio e escuridão. Vidas alheias desconhecidas e, no entanto, dependentes do nosso cuidado e entendimento. Um alerta no abismo.
atlântico, travessias
Em 2013, Beto Pandiani e Igor Bely realizaram a travessia do Atlântico a bordo de um catamarã sem cabine; partiram da Cidade do Cabo, na África do Sul, e 37 dias depois chegaram em Ilhabela, no litoral do Brasil.
atlântico, travessias é uma metáfora sobre união e separação geológicas. Agora se apresenta no formato de exposição, mas a sua gênese foi um livro que, quando fechado, reúne os continentes numa analogia com o Gondwana; aberto, transforma-se num imenso oceano em escala aproximada 1:1.000.000. São 8 metros de papel, que emulam os quase 7 mil quilômetros que separam os portos de partida e chegada. Foi arquitetado no formato de uma extensa sanfona (leporello é o termo gráfico) para ser contemplado em duas vertentes – chamemos de bombordo e boreste, para assim ficarmos ainda no mar.
A viagem de Beto Pandiani e Igor Bely é o bombordo da história, recontada através dos seus diários de bordo.
Nesse trajeto, cheio de aconteceres ou de ausências, os dois marinheiros tiveram como ineludível e fiel companheiro o horizonte distante, presente em todas as páginas. É uma linha diretriz a unir dois pontos, a guiar o olhar e a delimitar os mundos: água e ar, mar e céu. E, ao redor dessa linha, imagens cotidianas preenchem as intermináveis horas atravessadas.
No boreste as histórias são outras. O Atlântico assume o protagonismo, desde sua gênese ligada à tectônica de placas e deriva continental até os dias que o navegam neste século XXI. O oceano nos conta sobre si. Em suas águas foram esparsamente jogados verbetes significativos ou significantes, para assim decantar alguns dos fascinantes momentos em que o Atlântico foi palco ou plateia.
Dividindo o espaço com os verbetes, há ainda um breve ensaio fotográfico que mostra seres com morada nas profundezas dos nossos oceanos. A escolha é uma elegia a esses desconhecidos habitantes abissais que fluem silenciosamente onde a luz não alcança. Tais fotografias, de vidas alheias ao nosso entendimento – e ainda assim dependentes dele –, brilham como um alerta no abismo.
Roberto Linsker / Terra Virgem Edições
o velejador
Em 1993, Beto Pandiani delineou um projeto de vida no qual viagens – sempre à bordo de um veleiro sem cabine e sem motor – seriam a fonte para a aquisição de conhecimento: novas culturas, novas geografias. Para atingir seus propósitos elaborou expedições com rotas inéditas e planejamento acurado e minucioso. No retorno de cada uma delas, compartilhou com diversos públicos os conhecimentos adquiridos: livros, palestras, programas de rádio e televisão, internet, redes sociais e blogs foram os canais utilizados.
Expedições realizadas: Entretrópicos, 1994, de Miami (EUA) a Ilhabela (Brasil); Rota Austral, 2000, de Puerto Montt (Chile) ao Rio de Janeiro (Brasil), dobrando o Cabo Horn (Chile); Travessia do Drake, 2003, de Ushuaia (Argentina) à Antártida; Rota Boreal, 2005, de Nova Iorque (EUA) à Groenlândia (Dinamarca); Travessia do Pacífico, 2007-2008, de Vinã del Mar (Chile) a Bundaberg (Austrália) e Travessia do Atlântico, 2013, da Cidade do Cabo (África do Sul) a Ilhabela (Brasil). Os registros de todas elas estão publicados em livros pela Terra Virgem Edições.
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