Sobre fundo branco, dispostas na vertical no canto inferior esquerdo “LINHA DA CULTURA” em letras garrafais na cor preta exceto a palavra “DA” em cinza. Ao lado, uma grande seta apontada para baixo, parte do logotipo do Metrô, preenchida por detalhe de obra de Renina Katz (Sem Título) para colorir. À direita da imagem “PARA COLORIR O METRÔ”. Abaixo, “Realização: Linha da Cultura”.

 

Em Janela da Alma, um documentário de 2001 com direção de João Jardim e Walter Carvalho, algumas personalidades comentam sobre os diversos aspectos relativos à visão: desde o funcionamento do olho humano até o significado de ver ou não ver em um mundo que produz imagens todo tempo. Cada experiência de olhar é um limite, conhecemos as imagens a partir das nossas próprias experiências. Por vezes, fazemos meros registros e não nos atentamos sobre como as nossas emoções e memórias também compõem o ato de fotografar e revelam a forma como vemos a nossa realidade.

A proposta da presente exposição, Da Janela, se traduz mais a partir da ideia de participação e compartilhamento de olhares que uma exposição fotográfica, por si só. No momento atual temos questionado os nossos modelos de vida e fomos colocados em outro ritmo, talvez mais íntimo, mais lento, mais ressignificado. Unir a complexidade dos olhares e das histórias individuais de cada um que compartilhou uma fotografia da sua janela, uma parte da sua vida, pode ser capaz de criar um novo sentido para nós mesmos. É dividir segundos do acaso e dizer sobre as nossas horas íntimas, é dizer outras histórias, é perceber e poder pensar fora do foco.

 

 

“A maioria de nós é capaz de (...) ver com o cérebro, com o estômago e com a alma. Creio que vemos em parte com os olhos, mas não exclusivamente. (...) A maioria das imagens que vemos são vistas fora de contexto. A maioria das imagens que vemos não tenta nos dizer algo, mas nos vender algo. Na verdade, a maioria das coisas que vemos, revistas, televisão... tentam nos vender alguma coisa. Mas a necessidade fundamental do ser humano é que as coisas comuniquem um significado, como uma criança ao se deitar, ela quer ouvir uma história. Não é tanto a história que conta, mas o próprio ato de contar uma história cria segurança e conforto. Acho que mesmo quando crescemos nós ainda amamos o conforto e a segurança das histórias, qualquer que seja o tema. A estrutura da história cria um sentido. E a nossa vida, de maneira geral, carece de sentido. Por isso, temos uma imensa sede de sentido.”

Wim Wenders, cineasta

 

“Atualmente vivemos em um mundo que perdeu a visão. A televisão nos propõe imagens prontas e não sabemos mais vê-las, não vemos mais nada porque perdemos o olhar interior, perdemos o distanciamento. Em outras palavras, vivemos em uma espécie de cegueira generalizada. Eu também tenho uma pequena televisão e assisto-a sem enxergar. Mas há tantos clichés que não é preciso que eu veja fisicamente para entender o que está sendo mostrado. (...) Para mim, linguagem e imagem estão ligadas, isto é, o verbo é cego, mas é o verbo que torna visível.”

Evgen Bavcar, fotógrafo cego e filósofo

 
Relatos presentes no documentário:
JANELA DA ALMA (2001)
Direção: João Jardim, Walter Carvalho