ARTE DE OBRA
por Robson Regato
Era uma manhã do ano de 2010. O primeiro barulho estridente da máquina britadeira soou-me como um golpe fatal. Era a demolição da Praça Roosevelt, na região central de São Paulo, que tinha início. Praça que havia sido objeto de estudos no meu curso de Arquitetura e Urbanismo, entre os anos de 1978 e 1981, que abrigava uma das obras de um de meus mestres mais queridos, Maurício Nogueira Lima (1930-1999), instalada em 1984, e local onde eu havia decidido morar desde 2005.
Resisti por alguns dias em chegar até a varanda do meu apartamento, no 22º andar, para constatar aquela realidade, para mim muito triste e fruto de uma decisão extremamente equivocada. Como fotógrafo, nunca havia me interessado por destruições. Foi naquele momento que decidi incluir, na minha busca pela estética fotográfica, a “desconstrução”, as demolições e as obras abandonadas.
Nascia, então, minha pesquisa “Arte de Obra”, propositalmente batizada como o inverso da “obra de arte”, como um protesto à demolição. Durante um ano, fotografei aquele processo, como se minhas lágrimas tivessem sido convertidas em cliques. Por obra da arte, mudei-me dali para outro edifício, na rua Bela Cintra, e a paisagem da minha janela me ofereceu uma obra abandonada como quadro, passo seguinte da minha pesquisa, que se fortaleceu, ganhou personalidade e se estende até hoje.
As imagens dessa exposição são resultado desses dois primeiros momentos, pilares fundamentais da minha ARTE DE OBRA.