A Semana de Arte Moderna de 1922 foi uma manifestação coletiva pública organizada por um grupo de intelectuais e artistas que ansiavam pelo novo e pelo moderno, em oposição à cultura e à arte de teor conservador, predominantes no país. O evento, ambientado no Teatro Municipal de São Paulo, também integrou as comemorações em celebração ao Centenário da Independência do Brasil e propôs um olhar que caracterizasse essa nova estética cultural do país. Foi evidente que deixou um importante legado de obras que discutiram o crescimento de São Paulo na década de 1920, bem como a industrialização, a migração maciça de estrangeiros, a urbanização e a produção artística com foco social.
Alguns artistas expoentes desse momento que se tornou um movimento artístico, foram Anita Malfatti (pintora), Oswald de Andrade (escritor), Tarsila do Amaral (pintora) e Villa-Lobos (músico).
Contemporaneidade, regionalismos e pluralidade são marcos das obras apresentadas durante aquela semana e que inspiram produções artísticas até hoje.
Em 1998 o artista Antônio Peticov recebe dois convites para executar trabalhos na cidade de São Paulo. Pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo uma homenagem ao escritor Oswald de Andrade, e pelo Metrô uma obra para compor o acervo de arte contemporânea da Companhia. Peticov então, uniu as oportunidades e criou a instalação “Momento Antropofágico com Oswald de Andrade" na estação República, Linha 3-Vermelha. Nas falas do artista: “Depois de percorrer vários espaços, encontrei na Estação República as condições ideais para colocar em prática conceitos de correção de perspectiva. As pessoas que passam pelo local têm uma visão oblíqua da parede, o que cria condições para a instalação de anamorfoses [imagem distorcida ou deformada de uma figura a partir de um ponto fixo, refletida sobre uma superfície plana ou curva]”.
Na obra, Oswald está retratado no teto da estação. O reflexo desta imagem em uma coluna cilíndrica deixa a impressão de que o escritor está nos observando ao longo do passeio. Na parede, em grande parte do mural de ladrilhos cerâmicos podem ser vistos rostos de um casal, como uma referência à propaganda do "Café Paraventi" no jornal "O Homem do Povo", semanário editado pelos escritores Patrícia Galvão e Oswald de Andrade. Outros elementos de destaque são a representação da ilustração de um passarinho do desenhista Ferrignac, publicado em um livro de Oswald de Andrade e uma montagem com figuras do "O Abaporu", de Tarsila do Amaral, em referencia ao movimento modernista.
“desenvolvi um trabalho com materiais duráveis e resistentes a vandalismos, ou seja, cimento, aço e ladrilhos cerâmicos.”
Visite a sessão especial sobre a obra no site de Antonio Peticov
https://peticov.com.br/category/instalacoes/momento-antropofagico-com-oswald-de-andrade/
Leia o encarte da obra disponível do acervo da Biblioteca Neli Siqueira do Metrô:
E assista ao documentário: