MAHATMA

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Gandhi aos sete anos de idade. Mohandas Karamchand Gandhi nasceu em 2 de outubro de 1869 em Porbandar, uma pequena cidade na costa oeste da Índia. Quando Gandhi nasceu, o domínio britânico já estava bem estabelecido na Índia. A impressão que se tinha era de que o império britânico permaneceria seguro por séculos na Índia.
Mahatma Gandhi com sua esposa, Kasturba. Gandhi se casou aos treze anos com Kasturba, que também tinha a mesma idade, enquanto ainda cursava o ensino médio. Para um menino daquela idade, o casamento significava apenas uma sequência de festas, roupas novas e uma companhia desconhecida e dócil para brincar.
Gandhi com os membros da Sociedade Vegetariana de Londres. Depois de concluir o ensino médio, em 1887 Gandhi matriculou-se na faculdade Samaldas College, em Bhaunagar, no estado de Gujarat, na Índia, mas saiu da faculdade depois de um semestre. No entanto, ele foi incentivado a ir para Londres para estudar Direito. Ele tinha quase dezenove anos quando partiu para Londres em 4 de setembro de 1888. Pouco depois de sua chegada a Londres, tornou-se membro da Sociedade Vegetariana de Londres.
Gandhi com seus colegas de trabalho em Johannesburgo. Depois de se formar em Direito, Gandhi voltou para a Índia em 1891, mas não conseguiu ter muito sucesso. Em abril de 1893, ele viajou para a África do Sul para cuidar de uma ação judicial como um advogado jovem e inexperiente em busca de uma chance. Foi lá que ele formou família, estabeleceu-se como advogado e liderou a luta dos Indianos Sul-Africanos contra a discriminação racial.
Gandhi e Kasturba com outros colonos no assentamento Phoenix, em KwaZulu, Natal. O assentamento Phoenix, fundado por Gandhi em 1904, compreendia cerca de 40 hectares de terra. Foi lá que Gandhi começou a sua jornada de transformação de um advogado de sucesso em um simples camponês com paixão pela libertação, não-violência e espiritualidade. “Nesta terra, Gandhi começou seus experimentos com a vida em comunidade, sem posses, com compromisso de harmonia interreligiosa, simplicidade, proteção ambiental, conservação, trabalho manual, justiça social e econômica, ação não violenta, princípios de educação e verdade".
Gandhi como Satyagrahi na África do Sul. A primeira vez que Gandhi usou oficialmente a satyagraha1 foi na África do Sul, em 1907, quando ele organizou oposição à Lei de Registro Asiático (a Lei Negra ou “black act”). Em março de 1907, o Black Act foi aprovado, exigindo que todos os indianos tirassem suas impressões digitais e mantivessem seus documentos de registro consigo em todos os momentos. Gandhi aconselhou a comunidade indiana a se recusar a se submeter a essa indignidade, ainda que tivessem de ser presos por desafiarem essa lei. Em janeiro de 1908, ele foi preso e condenado a dois meses de encarceramento simples (em que devia realizar trabalhos simples). Esta foi a primeira das muitas sentenças de prisão a que Gandhi foi condenado. Foram necessários sete anos de protesto até que o Black Act fosse revogado em junho de 1914. Gandhi provou que o protesto não violento poderia ser imensamente bem sucedido.
Gandhi com Rabindranath Tagore. Em 1915, Gandhi retornou à Índia com apenas uma ambição: servir a seu povo. Ele se estabeleceu às margens do rio Sabarmati, onde fundou um Ashram, chamado Satyagraha Ashram. Os habitantes do Ashram faziam votos de verdade, ahimsa (não-violência), celibato, não roubar e se dedicavam ao serviço do povo. Foi devido a esses princípios praticados e promovidos por Gandhi que Tagore usou o título de "Mahatma" junto ao nome de Gandhi em 1915.
Gandhi na roca de fiar. A roca se tornou um símbolo de emancipação econômica para milhões de pobres. Mahatma Gandhi costumava usar o Charkha (“roca”) como um símbolo de não violência e autossuficiência. “Eu diria que a roca de fiar é a base para a construção uma vida saudável em comunidade. Eu faria da roca o centro ao redor do qual girariam todas as outras atividades da comunidade”, dizia ele. A Charkha se tornaria sinônimo de Gandhi e um símbolo do movimento pela independência da Índia
Gandhi com Sardar Patel em um passeio por uma vila de Gujarat devastada por uma pandemia de peste. O pensamento de Gandhi centrava-se essencialmente na economia comunitária, e ele dedicou muito tempo ao desenvolvimento interno das comunidades. Ele trabalhou duro para ressuscitar as indústrias autóctones, com grande ênfase na fiação e na tecelagem à mão, as quais tiveram um grande significado econômico e ajudaram a sacudir o poderoso Império Britânico de sua fortaleza de poder. Ele organizou várias instituições de trabalho construtivo para guiar a nação no caminho da reconstrução não violenta de sua base socioeconômica.
Gandhi durante o Movimento de Não Cooperação. O primeiro dos movimentos liderados por Gandhi foi o Movimento de Não Cooperação, que incluiu o boicote a conselhos, tribunais e escolas criados pelos britânicos e ao tecido estrangeiro. Gandhi acreditava que se os residentes de um país parassem de cooperar com os britânicos, os britânicos minoritários seriam forçados a desistir. O movimento ganhou popularidade e, logo, milhões de pessoas estavam boicotando estabelecimentos britânicos ou cooperativos. Isso significava que as pessoas deixavam seus empregos, retiravam seus filhos das escolas e evitavam cargos governamentais. O nome ‘Mahatma Gandhi’ tornou-se popular.
A Histórica Marcha do Sal. Gandhi lançou uma satyagraha envolvendo desobediência à Lei do Sal. A proibição do uso gratuito do sal natural afetou os mais pobres do país, e o Sal Satyagraha simbolizou a promessa de ganhar a liberdade para as massas trabalhadoras. Gandhi caminhou 388 km em 24 dias e quebrou a Lei do Sal ao coletar um pedaço de sal natural na praia de Dandi. Como um mágico, Gandhi despertou uma onda de entusiasmo entre os indianos como ninguém poderia haver previsto.
Gandhi na Conferência da Mesa Redonda em 1931. Em sua participação na Conferência da Mesa Redonda em 15 de setembro de 1931, Gandhi disse que tinha ido a Londres para encontrar pontos de convergência. Ele disse: “Eu adoraria sair das Ilhas Britânicas com a convicção de que haverá uma parceria honrosa e igualitária entre a Grã-Bretanha e a Índia”. A conferência provou ser infrutífera e Gandhi voltou para casa de mãos vazias.
Gandhi na Inglaterra para a Conferência da Mesa Redonda. Em 1931, Gandhi se tornou parte integrante da vida nacional indiana e o único representante do Congresso Nacional Indiano na Segunda Conferência da Mesa Redonda. Ele se juntou à conferência para discutir reformas constitucionais na Índia. Além de participar da Conferência da Mesa Redonda, Gandhi conheceu muitas pessoas e visitou muitos lugares na Inglaterra. Onde quer que ele fosse, ele atraia multidões de cidadãos que o aplaudiam.
Gandhi com Lord e Lady Mountbatten. Ao longo de sua carreira política, Gandhi trabalhou por um acordo hindu-muçulmano. Ele considerava a unidade hindu-muçulmana, a eliminação da intocabilidade, a equanimidade das mulheres e a reconstrução da economia comunitária como sendo as necessidades nacionais básicas. Apesar de seus esforços contínuos, em maio de 1947, Lord Mountbatten conseguiu persuadir os líderes do Congresso a aceitar a partição como uma condição precedente para a retirada britânica. A nação estava dividida, o que fez eclodir um frenesi comunitário.
Caminhando para um encontro de orações em Déli, 29 de janeiro de 1948. Orar com a multidão era uma prática comum para Gandhi. Todas as noites, onde quer que estivesse, ele fazia suas orações em um campo aberto de frente para uma grande congregação. Não havia quaisquer rituais ortodoxos a serem seguidos: eram recitados versos das escrituras religiosas e cantados hinos. Em 30 de janeiro de 1948, enquanto estava a caminho de um desses encontros de oração, Gandhi foi morto a tiros por Nathuram Godse, um extremista hindu que se opôs à tolerância de Gandhi para com os muçulmanos. É uma grande ironia que o apóstolo mais famoso da não-violência do século XX tenha tido um fim violento.
O cortejo fúnebre de Gandhi. “Assim, morreu o Mahatma, pelas mãos de um membro de seu próprio povo, para a glória eterna daquilo por que viveu e para a vergonha eterna daqueles que não entenderam que ele era o melhor representante da religião pela qual sofreu seu martírio.” Uma enorme multidão estimada em quase um milhão de pessoas se alinhou na rota de oito quilômetros de cortejo fúnebre até a margem do rio Yamuna, seu corpo, envolto na bandeira indiana, era carregado em um caminhão do Exército, enquanto os aviões da Força Aérea faziam chover flores no alto.

MAHATMA
‘Mahatma’ ou "de grande alma’ é como Mohandas Karamchand Gandhi é conhecido por todos. Considerado o líder espiritual, social e político mais venerado do mundo, Mahatma Gandhi foi o principal líder do movimento de independência da Índia, que adotou uma filosofia única de resistência não violenta, desobediência civil e não cooperação para não apenas alcançar o fim do colonialismo britânico na Índia, mas também para criar transformação social.

Nascido em 2 de outubro de 1869 em Porbandar, uma pequena cidade portuária na costa oeste da Índia, Gandhi era uma criança introvertida que mais tarde se tornou uma inspiração para líderes mundiais como Nelson Mandela e Martin Luther King Junior. Através de sua luta constante contra a injustiça, desigualdade, opressão e discriminação, primeiro na África do Sul e depois na Índia, Gandhi logo se tornou "Mahatma" e foi reverenciado por pessoas em todo o mundo.

Os experimentos de Gandhi com a verdade e a prática da não-violência ainda continuam a inspirar líderes em todo o mundo, não apenas em esfera individual, mas também sobre como estes lideram movimentos políticos e socioeconômicos, trazendo paz e interconexão entre culturas e civilizações.

Como definir a filosofia de Gandhi? A mensagem de Gandhi tem vários componentes políticos, econômicos, sociais, espirituais (religiosos), morais e envolve ação tanto individual quanto coletiva. No entanto, os dois principais pilares da filosofia de Gandhi são a verdade e a não violência. O significado da verdade vai além da simples veracidade das palavras e ações, mas também abrange a fé na verdade suprema (‘Deus’) e uma forte crença na moralidade. Da mesma forma, Gandhi acreditava que a não violência não é mera ausência de violência, mas significa amor por todas as criaturas vivas. Uma pessoa não violenta não ficará zangada mesmo com pessoas que lhe causam danos físicos. Seu amor por outros seres humanos é absoluto e incondicional.

Do movimento de Nelson Mandela contra o Apartheid na África do Sul ao recente movimento da Primavera Árabe na Ásia Ocidental, o pensamento gandhiano em torno da não-violência continua a ter um impacto global duradouro. Esses movimentos foram inspirados nos princípios estabelecidos pelo grande Mahatma.

Seus ensinamentos também nos lembram que a mudança geralmente começa no patamar individual e que todos nós, como seres humanos, temos a capacidade de mudar o mundo por meio do ativismo pacífico. A famosa citação "Seja a mudança que você quer ver no mundo" estava no cerne da ética e ideologias de Gandhi, significando olhar para dentro de si mesmo, mudar a si mesmo e, então, mudar o mundo.

Na base da ordem social gandhiana está a abordagem social e humanista de que o bem-estar dos seres humanos é de extrema importância. Ele foi um verdadeiro assistente social trabalhando contra os males da sociedade. Mahatma era um grande humanitário que acreditava em uma sociedade justa com completa igualdade de todos os seres humanos e sem barreiras de casta, cor ou religião, e sua filosofia e ensinamentos influenciou fortemente o movimento de direitos humanos do século 20.

Gandhi é, sem dúvidas, o maior apóstolo da paz que o mundo viu depois de figuras como Buda e Cristo. Com o mundo em mudança e em meio a problemas tais como injustiça social, desigualdade econômica, corrupção e pobreza, é importante que trabalhemos para retomar os ensinamentos e a filosofia de Gandhi às nossas vidas.

Em 15 de agosto de 2021, a Índia comemorou 75 gloriosos anos de sua independência, o que teria sido impossível sem os esforços de líderes e lutadores pela liberdade como Mahatma Gandhi. Com uma ampla gama de fotografias, a exposição é um esforço conjunto do Consulado Geral da Índia em São Paulo, Centro Cultural Swami Vivekananda e o Museu da Arte Sacra de São Paulo para prestar uma humilde homenagem à venerada figura de um dos homens mais inspiradores do mundo, que liderou a luta pela liberdade indiana e abriu o caminho para a independência da Índia. As fotografias vêm da coleção do National Gandhi Museum, em Nova Delhi, e não apenas darão a você um vislumbre dos eventos marcantes da vida de Gandhi, mas também compartilharão a jornada de um homem comum se tornando o ‘Mahatma’.

Puja Kaushik
Curadora